11/26/18

Translation of text on Willard Wigan

Note: original English-language source from official press kit.
“Willard Wigan was born in Wolverhampton, England in 1957 and is the creator of the smallest artworks in history, as verified by Guinness World Records.
From being a traumatised and humiliated child with unrecognised learning differences, he has emerged as the most globally celebrated micro-miniaturist of all time and is literally capable of turning a spec of dust into a vision of true beauty.
To escape the constant taunts from his teachers and student peers, Wigan found solace in creating art of such minute proportions that it could not be seen with the naked eye. He adopted the belief that if his work could not be seen, then it and he could not be criticised. Often described as “nothing”, Wigan set about showing the world that there is no such thing as nothing.
“My work is a reflection of myself” says Wigan. “I wanted to show the world that the little things can have the biggest impact. At school, I couldn’t express myself and felt like “nothing.” I wanted to experiment with the world that we can’t see.”
He can create a masterpiece within the eye of a tiny sewing needle, on the head of a pin, the tip of an eyelash or on a grain of sand. Smaller than the fullstop at the end of this sentence, with some being completely invisible to the naked eye, the effect on the viewer when seen through high powered magnification is truly mesmerising.
Inspired to capture the attention and awe of his subject matter in the smallest and most microscopic of detail, Wigan imagines and creates a microscopic world that entices people to look closer.
The artists himself likens his work to “Trying to pass a pin through a bubble without bursting it” and the skill, time and dedication involved in their creation means that each piece contains the very heart and soul of its creator.
Willard, who is completely self-taught (there are no teachers) has baffled medical science and been the subject of discussion among micro-surgeons, nanotechnologists and at universities worldwide. There is no doubt he is as unique as his timeless masterpieces.
The personal sacrifice in creating such wondrous sculptures is inconceivable to most. Wigan enters a meditative state in which his heartbeat is slowed, allowing him to reduce hand tremors and sculpts between pulse beats. Even reverberation caused by outside traffic can affect Wigan’s work. This causes him to retreat to places of solitude, or to work through the night when there is minimal disruption.
His works have fascinated and amazed discerning collectors worldwide and are cherished by Royalty, Politicians and Celebrities from the worlds of show-business and sport. In July 2007 he was honoured by HM Queen Elizabeth II with an MBE for services to art.
The audiences that attend Willard’s exhibitions are amongst the most diverse of any living artist and are a huge success around the world. When exhibited in public they draw reactions of astonishment and wonder from press and public alike, frequently generating comments such as “The eighth wonder of the world”, “The most amazing thing I have ever seen” and “Truly a gift from God”
In many instances his work simply stuns viewers into silence. Others have described it as being seemingly “supernatural” and crossing the boundaries between Art and Science. It confuses the senses and such distinctions ultimately become irrelevant as viewers become lost in the sheer wonder of the inner space to which his work transports them.
His sculpture of The Statue of Liberty in the eye of a tiny sewing needle so impressed the American foundation that they placed it on display inside the real statue – only the fifth time in the great monument’s history that an artists has been allowed to exhibit there.
In 2009 Wigan’s artistic genius was formally recognised by the world-leading Technology, Entertainment and Design Institute (TED) where he was invited to be the keynote speaker during the 2009 World Conference, receiving with it a TED achievement award.
In recent years Willard has undertaken numerous motivational speaking engagements for private, corporate, charitable and educational organisations with particular emphasis on inspiring young people in schools to believe in themselves, to never give up and to keep searching for their own particular gift.
Telling his story of how he overcame childhood adversity, and being described by his teachers as “nothing”, through sheer hard work, persistence and dedication to get where he is today.
His unique abilities have also been recognised by large corporations, including Mercedes Benz and ANZ Bank, looking to associate their brand with the pinnacle of precision and intricacy and how attention to the smallest of details can make the biggest of differences to an outcome.
In January 2018 he was awarded an honorary degree by Warwick University, specifically as Doctor of Letters, in recognition of the significant contributions that he has made to art and sculpture.
A feature length Channel 4 documentary about the artist and his work was broadcast in July 2018.
As for the future, a feature film about Willard’s life story is at the scripting stage and further international exhibitions are currently being planned for 2019.
Following his late mothers guiding advice, Wigan continues to challenge himself by striving to make each work even smaller and more detailed – “The smaller your work, the bigger your name”. Wigan’s continued goal remains quite simple; to inspire others with his micro-sculptures and to encourage others to live to their fullest potential, remembering that “nothing” does not exist.
Ultimately, all who view these truly astounding treasures are filled with a sense of awe, lost for explanations but nevertheless acutely aware that their lives have in some small way been enriched by the uncanny sights they have witnessed.
It’s unpredictable how long this incredible talent will last but his unique and exclusive creations will outlive him as national treasures for generations to come.”

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My translation into Portuguese
Willard Wigan nasceu em Wolverhampton, Inglaterra, em 1957, e é o criador das mais pequenas obras de arte na história, conforme confirmado pelo Guinness World Records.
De uma criança traumatizada e humilhada com dificuldades de aprendizagem negligenciadas, emergiu como o micro-miniaturista mais celebrado a nível mundial de todos os tempos e é, literalmente, capaz de transformar um grão de pó numa visão de verdadeira beleza.
Para escapar às constantes provocações dos seus professores e colegas, Wigan encontrou consolo na criação de arte de proporções tão reduzidas que não podia ser vista a olho nu. Adotou a crença de que se seu trabalho não podia ser visto, então o seu trabalho e ele próprio não poderiam ser criticados. Muitas vezes descrito como “nada”, Wigan agarrou a tarefa de mostrar ao mundo de que não existe tal coisa como nada.
“O meu trabalho é um reflexo de mim mesmo”, diz Wigan. “Queria mostrar ao mundo que as pequenas coisas podem ter o maior impacto. Na escola, não me conseguia expressar e sentia-me como “nada”. Queria experimentar o mundo que não conseguimos ver.”
Consegue criar uma obra-prima dentro do buraco de uma pequena agulha de costura, na cabeça de um alfinete, na ponta de uma pestana ou num grão de areia. Mais pequena do que o ponto final no final desta frase, com algumas a serem completamente invisíveis a olho nu, o efeito sobre o espetador, quando vistas através de ampliação de elevada potência é verdadeiramente deslumbrante.
Inspirado pela captura da atenção e do espanto do seu tema no mais ínfimo e microscópico pormenor, Wigan imagina e cria um mundo microscópico que convida as pessoas a olharem mais de perto.
O próprio artista compara o seu trabalho a “Tentar passar um alfinete através de um balão sem o rebentar” e a habilidade, o tempo e dedicação envolvidos na sua criação, significa que cada peça contém o próprio coração e alma do seu criador.
Willard, que é totalmente autodidata (não há professores) tem confundido a ciência médica e foi objeto de discussão entre microcirurgiões, nanotecnólogos e em universidades em todo o mundo. Não há dúvida de que ele é tão único quanto as suas intemporais obras-primas.
É inconcebível para a maioria o sacrifício pessoal na criação de tais maravilhosas esculturas. Wigan entra num estado meditativo em que o seu ritmo cardíaco é abrandado, permitindo-lhe reduzir os tremores da mão e esculpir entre as batidas da pulsação. Até a reverberação causada pelo tráfego na rua pode afetar o trabalho de Wigan. Isto faz com que se retire para locais solitários, ou que trabalhe durante a noite, quando a perturbação é mínima.
Os seus trabalhos têm fascinado e surpreendido colecionadores exigentes por todo o mundo e é admirado pela realeza, políticos e celebridades do mundo do espetáculo e do desporto. Em julho de 2007, foi agraciado pela Rainha Isabel II com a Ordem do Império Britânico, pelos serviços prestados à arte.
O público que visita as exposições de Willard está entre os mais diversificados de qualquer artista vivo e são um enorme sucesso em todo o mundo. Quando exibidas em público, granjeiam reações de espanto e admiração tanto da imprensa, como do público, gerando frequentemente comentários como “A oitava maravilha do mundo”, “A coisa mais incrível que alguma vez vi” e “Um verdadeiro dom de Deus”.
Em muitos casos, o seu trabalho deixa os espetadores simplesmente mudos. Outros descreveram o seu trabalho como sendo praticamente “sobrenatural” e ultrapassando os limites entre a Arte e a Ciência. Confunde os sentidos e tais distinções tornam-se, em última análise, irrelevantes, à medida que os espetadores se perdem na maravilha que é o espaço interior para onde a sua obra os transporta.
A sua escultura da Estátua da Liberdade no olho de uma pequena agulha de costura impressionou de tal forma a fundação americana, que a colocaram em exposição dentro da estátua original – foi apenas a quinta vez na história daquele grande monumento em que foi autorizada a exposição de um artista.
Em 2009, o génio artístico de Wigan foi formalmente reconhecido pelo líder mundial Technology, Entertainment and Design Institute (TED), tendo sido convidado para ser o orador principal durante a Conferência Mundial desse ano, tendo recebido com o mesmo um prémio TED de realização.
Nos últimos anos, Willard tem realizado inúmeras palestras motivacionais para particulares, empresas, entidades e organizações de ensino, com particular ênfase nos jovens em escolas, para que acreditem em si próprios, nunca desistam e que persistam na busca do seu próprio dom especial.
Conta a sua história sobre como superou a adversidade na infância, quando era descrito pelos seus professores como “nada”, tendo chegado onde está hoje através do trabalho árduo, persistência e dedicação.
As suas capacidades únicas, que também foram reconhecidos por grandes empresas, incluindo a Mercedes-Benz e o ANZ Bank, que procuravam associar a sua marca com o auge da precisão e complexidade, e como a atenção com os pequenos detalhes pode fazer a maior das diferenças na obtenção de um resultado.
Em janeiro de 2018, recebeu um diploma honorário pela Universidade de Warwick, mais precisamente, Doutoramento em Humanidades, em reconhecimento das importantes contribuições feitas para a arte e a escultura.
Em julho de 2018, foi transmitido um documentário de longa-metragem do Canal 4 sobre o artista e a sua obra.
Quanto ao futuro, há um filme sobre Willard em fase de redação e estão a ser planeadas mais exposições internacionais para 2019.
Seguindo os conselhos da sua falecida mãe, Wigan continua a desafiar-se a si mesmo esforçando-se por fazer com que cada trabalho seja ainda mais pequeno e pormenorizado – “Quanto mais pequeno o teu trabalho, maior será o teu nome”. O objetivo contínuo de Wigan continua a ser bastante simples: inspirar outras pessoas com as suas micro-esculturas e encorajar as pessoas a viver o seu potencial ao máximo, lembrando que o “nada” não existe.
Em última análise, todos os que veem estes tesouros verdadeiramente surpreendentes são inspirados por um sentimento de admiração, confusão, mas, no entanto, com a plena consciência de que a sua vida foi, de alguma maneira, enriquecida com a incrível visão testemunhada.
É imprevisível quanto tempo este incrível talento irá perdurar, mas as suas criações únicas e exclusivas irão sobreviver-lhe enquanto tesouros nacionais para as gerações vindouras.

11/5/15

Here's a sample from one of my latest works: a foreword to a Portuguese/ English bilingual exhibition catalogue. The exhibition is titled Animália by Portuguese photographer Nuno Horta. The original text in Portuguese was written by Miguel V. Duque, who entrusted me with the English translation... Check it out!

[the original text!]



"Animália, de Nuno Horta
De olhos bem abertos. PUM!

Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros.”
S. João 13:34

A objectiva de Nuno Horta aspira à comoção dos sentidos, à comunhão da fotografia retratista com paixões de um quotidiano que se mascara, inventando e, quiçá, reinterpretando saberes e ambições que não transcendem o Ser, antes o aprisionam em humanidade díspar entre si, em vez de os acutilar nos seus anseios mais primários: o desejo que se mistifica e animaliza como em metamorfoses que nos confortam e nos permitem o essencial dos sentidos: o Prazer.

No entanto, colore a negro – como preto fecundo do lodo deposto pelas águas do Nilo – cenários de peças de sensualidade mácula e/ou obscura: trevas ou a noite de todo o contentamento como o pigmento de Johann Conrad Dippel. 

Verdade ou pecado?

Fique o espectador ante estes flashes, saboreando a abundância animália ou as tentações de Antão ou a luxúria humana ou simplesmente a beleza e a exuberância do Ser e do sermos! A Natureza na sua sublime Arte.

O transcendente no real quotidiano em Leibovitz ou Nan Goldin; o transcendente numa encenada estética artística em Witkin ou Saudek; o transcendente do real encenado numa estética artística cerebral e empírica em fotografias de Nuno Horta, num palco que também é vida e quotidiano. 

Nesta colecção Animália, Nuno Horta surpreende-nos por uma atitude cénica mais simples, traduzindo uma maturidade nos temas que interpreta, decifra e exprime na sua acção fotográfica – como resultado, fotografias auto interpretativas – ao essencial, enfoque para metáforas, parábolas e mistificações como narração alegórica que traduz a devoção pelo corpo, pelo humano, pelo mito, envolvido num preceito moral que cruza, em penumbra, o Homem e a Mulher, escudados do próprio de si, dos seus devaneios ou anseios, por zoomorfoses.

Pecado versus virtude ou o seu contrário? – Na virtude o pecado omisso! – Deus ou o Demónio; o prazer ou a abstinência; a abundância ou a escassez; o Amor ou a ausência; o desejo ou a fraude; a Vida ou a Morte; o ser ou o não ser; ou, simplesmente, o sonegar ao Ser Humano da face, conferindo-lhe símbolos e mitos que o resgatam das malhas de uma qualquer condenação mundana, outorgando-lhe o direito de momentos, apenas e tanto, de animalidade, urbe ou rural, mas sempre defendidos, esses momentos, por caprichos de uma natureza extra-humana, permissiva e lasciva, para uma Alma Pura, que se resgata pelo sacrifício animal, tal Dido por Eneias, Gilgamesh por Enkidu, Pedro por Inês, ou Eu – anónimo – por Ti – ninguém ou ausência de identidade.

Em última instância, infra-humana! 

A máscara dourada como maçãs de Hipómenes para seduzir Atalanta e resgatar o seu Amor, cumprindo-se o desejo de posse pela corrida que se vence: suor, cansaço e, de novo, o luxo perpectuado pelo ouro que nos inebria e entontece os sentidos. Tal macho ou fêmea ou os contrários ou os mesmos: trocas e selos de cumplicidade assumida e rejeitada, num lado a lado, nada ingénuo ou desprovido de sentidos reflectidos.

Esta colecção não é ingénua; não é apenas provocadora; também é erótica, estimulante, sedutora e sensualmente sensitiva para olhos de Alma Pura. Para gente que se assume sem tabus de mediocridade infame para o ser animal de que somos feitos ou criados.

Matéria negra que precede a Luz. Simbólica do Apocalipse ou Fiat Lux como precedência cromática da Criação. Génese e fruição de uma fecundidade artística como nuvens escuras que fecundarão a Terra, como elemento fecundado caracterizada pelo supremo dom de gerar: The Wolf & the Fox; The Fox & the Wolf; The Goat; The Pig; The Tiger; The Deer!

Masked Ball!

Ao ouvir Jocelyn Pook, Flood, reporto-me a máscaras que interpretam o duplo papel: vendar / desvendar. Ou seja, entendo a necessidade, na urbe actual, do Ser Humano se confrontar com mitos passados que se reinterpretam, numa actualidade mediática, como formas de estar, pensar e sentir de cada individuo como demiurgo, que, possuindo os seus anseios, promove a sua atuação no palco da Vida e do quotidiano. 

Parafraseando Susan Sontag, in Olhando o Sofrimento dos Outros, “As intenções do fotógrafo não determinam o sentido da fotografia, que terá a sua própria carreira, impulsionada pelas paixões e fidelidades das diferentes comunidades que a utilizem”. Assim acontece com os símbolos ou parábolas, neste caso, fotografias como narração alegórica que envolve um preceito moral: Animália como função de ilustrar o desejo e a cumplicidade numa linguagem metafórica de criação do prazer e a respectiva recriação. Mas sem idolatria. Antes a linguagem de humanidade!

Animália! Tripúdio de prelúdio?

Sob a égide do ouro: o Lobo, luxúria e ambição, animal de Poder, com enorme capacidade para amar, mas com um carácter individualista e solitário; a Raposa, astuta e demónio do fogo e com capacidades únicas de sedução, na China são animais voluptuosos (curiosidade: testículos de raposa macerados no vinho eram considerados um elixir infalível de amor) e na Ásia são símbolos eróticos; o Bode, associado à luxúria e à fertilidade, está ligado a Pã, Dionísio e Zeus; o Porco, para católicos é símbolo da tentação e luxúria, impuro para judeus e muçulmanos, mas é associado também à fertilidade e à prosperidade no Antigo Egipto e no Norte da Europa; o Tigre, impetuoso e apaixonado, representa a beleza, a vaidade e a astúcia; o Veado, emblema solar de fertilidade, com forte simbolismo divino, com as suas hastes representam a Árvore da Vida e a regeneração, como fervor sexual figura ao lado de Afrodite e Adónis.

Acabo esta minha dissertação sobre este conjunto fotográfico de obras que compõem a colecção Animália, de Nuno Horta, com a onomatopeia:

PUM! – de olhos bem abertos porque somos animais… e porque não? – PUM! – caçador ou presa? – PUM! – porque cair vale a pena!  PUM! Animália! PUM!

Basta pum basta!!!

Viva o Amor, viva! PIM!

VIEIRA DUQUE

Outubro de 2015"


 [... and my translation into English.]

"Animália, by Nuno Horta
Eyes wide open. PUM!

A new commandment I give unto you, That ye love one another; as I have loved you, that ye also love one another.
John 13:34



A lens of Nuno Horta aspires to the commotion of the senses, to the communion of portrait photography with passions of a daily life that masks itself, inventing and, perhaps, reinterpreting knowledge and ambitions that do not transcend the Being, but most of all imprison it in an unequal humanity, instead of striking them in their most primary ambitions: the desire that mystifies and makes a beast of itself as in the metamorphoses that comfort and allow the essence of senses: Pleasure.

However, he colours black – like the fertile black of the mud disposed of by the waters of the Nile – scenarios with pieces of maculated and/or obscure sensuality: the darkness or the night of all the contentment as the pigment of Johann Conrad Dippel.

Truth or sin?

May the spectator remain in front of these flashes, tasting either the animal-like abundance of the temptation of Anthony, or the human lust, or simply the beauty and the exuberance of the Being and for existing! The Nature in its sublime Art.

The transcendent in the real everyday life in Leibovitz, or Nan Goldin; the transcendent in a staged artistic aesthetic in Witkin or Saudek; the transcendent of the real staged in a cerebral and empirical artistic aesthetics in the pictures of Nuno Horta, on a stage that is also life and everyday.

In this collection Animália, Nuno Horta surprises us with a more simple scenic attitude, reflecting a maturity in the themes that he interprets, deciphers and expresses in his photo action – as a result, self-interpretative photographs – the essential focus for metaphors, parables and mystifications as an allegorical narration, which translates the devotion for the body, for the human, for the myth, wrapped in a moral precept, that crosses, in the shade, Man and Woman, away from themselves, their daydreaming or longings, by means of zoomorphoses.

Sin versus virtue, or it’s the opposite way? – In virtue the omitted sin! – God or Devil; pleasure or abstinence; abundance or scarcity, Love or the absence, a desire, or fraud; Life or Death; to be or not to be; or, simply, taking away the face of the Human Being, giving it symbols and myths that rescue it from the meshes of any mundane condemnation, granting him the right to have moments, nothing much, of animal behaviour, urban or rural, but always defended, these moments, by the vagaries of permissive and lewd extra-human nature, to a Pure Soul, who is redeemed by animal sacrifice, such Dido for Aeneas, Gilgamesh for Enkidu, Pedro for Inês, or I – anonymous – for You – nobody or the absence of identity.

In the last instance, the infra-human!

The golden mask like apples of Hippomenes to seduce Atalanta and rescue his Love, fulfilling the desire of possession through the victorious race: sweat, fatigue, and, again, the luxury perpetuated in the same gold that inebriates and trick the senses. Male or female, or the opposites, or the same: exchanges and seals of assumed and rejected complicity, side-by-side, not naive or devoid of reflected senses.

This collection is not naive; it is not simply provocative; it is also erotic, stimulating, seductive, and sensually sensitive to the eyes of the Pure Soul. For people who are able to come out with no taboos of infamous mediocrity to be the animal that we are made of or created from.

Dark matter that precedes the Light. Symbolic of the Apocalypse, or Fiat Lux, as chromatic precedent to the Creation. The genesis and fruition of an artistic fertility as the dark clouds that will fertilise the Earth, the impregnated element characterized by the supreme gift of creation: The Wolf & the Fox; The Fox & the Wolf; The Goat; The Pig; The Tiger; The Deer!

Masked Ball!

While listening to Jocelyn Pook, Flood, I refer to the masks that play a double role: to hide/to disclose. That is, I understand the need, in the present day urban life, by the Human Being to be confronted by old myths, which are reinterpreted in a media-ridden reality, as ways of being, thinking and feeling by each individual as a demiurge, who promotes his/her performance on the stage of Life and of the everyday out of his/her longings.

Paraphrasing Susan Sontag, in Regarding the Pain of Others, “The photographer’s intentions do not determine the meaning of the photograph, which will have its own career, blown by the whims and loyalties of the diverse communities who have use for it.” So it is with symbols or parables, in this case, photographs as allegorical narration, which involves a moral precept: Animália with the function of illustrating the desire and complicity in a metaphorical language for the creation of pleasure and recreation. But without idolatry. Nothing but the language of mankind!

Animália! Reproaching of the prelude?

Under the aegis of the gold: the Wolf, lust, and ambition, animal of Power, with enormous capacity to love, but with an individualistic and solitary character; the Fox, cunning and fire devil, and with unique skills of seduction, in China they are voluptuous animals (fun fact: the macerated testicles of fox added to wine were considered to be an unfailing love elixir) and in Asia they are erotic symbols; the Goat, associated with lust and fertility, is connected to Pan, Dionysus and Zeus; the Pig, for Catholics is a symbol of temptation and lust, unclean to Jews and Muslims, but it is also associated with fertility and prosperity in Ancient Egypt and in the North of Europe; the Tiger, fiery and passionate, represents beauty, vanity and cunningness; the Stag, emblem of the sun, of fertility, with a strong divine symbolism, with its antlers representing the Tree of Life and regeneration, as sexual fervour stands next to Aphrodite and Adonis.

I finish my dissertation on this photographic ensemble of the works that compose the Animália collection, by Nuno Horta, with the onomatopoeia:

PUM! – eyes wide open, because we are animals… and why not? – PUM! – hunter or prey? – PUM! – because it is worth to fall!  PUM! Animália! PUM!

Enough pum enough!!!

Hurrah for Love, hurray! PIM!

VIEIRA DUQUE

October 2015"


5/24/14

Revisiting History of Art: translation of text about a “forgotten” collection of Rembrandt original prints [from Portuguese to English]

The original Portuguese text was written by Miguel V. Duque, Director of the Museum of the Foundation Dionísio Pinheiro and Alice Pinheiro, located in Águeda, Portugal. For more on the museum and some of the fine works of art it keeps, I highly recommend visiting the Google Art Project’s page of the foundation

Rembrandt Harmenszoon van Rijn produziu gravuras durante quase toda a sua carreira, de 1626 a 1660, até ter sido forçado a vender a sua prensa, deixando, desta forma, a gravura para um segundo plano.

Não sendo conhecido qualquer trabalho seu datado de 1649, ele volta, posteriormente, a dedicar-se à gravura, tendo sido ele mesmo a gravar parcialmente algumas das suas placas. A liberdade artística que votava à sua técnica da gravura foi fundamental para a imortalização do seu trabalho. Sempre muito envolvido em todo o processo de impressão, tendo impresso, pelo menos, os primeiros exemplares das suas gravuras. Começou por utilizar estilo baseado no desenho, que rapidamente largou para adoptar um estilo baseado na pintura, usando uma densa massa de linhas e inúmeras punções de ácido para conseguir diferentes espessuras de linhas. No final dos anos 30 do séc. XVII, revoltou-se contra a sua técnica e passou a usar uma mais simples, com menor utilização de ácido. No seu famoso “Cristo a Pregar”, trabalhou a gravura por estádios, durante os anos 40, gravura essa, que marcou o meio da sua carreira artística, e da qual emergiu o seu estilo final. Embora só tenham sobrevivido as placas dois estádios iniciais, sendo as do primeiro muito raras, evidências de muito mais estádios podem ser observadas nas impressões finais e em muitos dos desenhos que o sobreviveram até hoje.

Durante a década de 50, o auge da sua carreira como gravurista, Rembrandt produziu inúmeras ilustrações da vida de Cristo. Ao contrário do tratamento que anteriormente tinha dado ao tema, Rembrandt focou-se, daí em diante, numa abordagem mais pessoal, e mesmo intimista, do significado dos episódios bíblicos. Na “Apresentação de Jesus no Templo” podemos observar Simião, a quem “O Espírito Santo tinha revelado [...] que não morreria sem primeiro ver o Messias prometido pelo Senhor” (Lucas, 2:28), segura o Menino em direcção ao Sacerdote, enquanto o Sumo-Sacerdote, por trás deste, ostenta uma mitra e um enorme “báculo”. A Virgem e São José ajoelham-se humildemente na sombra no canto inferior esquerdo, e Ana que “ [...] chegou instante, louvava a Deus e falava do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lucas, 2:38), aparece no canto superior direito em segundo plano. Talvez o mais experimentado gravurista de toda a História da Arte, Rembrandt combinou a gravura, a ponta seca e a água-forte para criar um efeito pictórico riquíssimo. Ao usar uma fina rede de trama no fundo e grupos de linhas paralelas nas figuras, criou uma atmosfera evocativa tal, onde as formas emergem através da meia-luz.

As 282 gravuras de Rembrandt, integrantes da Colecção de Arte do Conde do Ameal, Coimbra, fazendo parte do Leilão do Ameal, de 1921, tendo sido expostas em Lisboa/ SNI em 1948, na Grande Exposição de Gravura Antiga, organizada por Luís Reis‑Santos e vendidas, posteriormente, a Dionísio Pinheiro, entre 1956 e 1958.”

[Now follows my own English translation... your comments are highly appreciated!]

Rembrandt Harmenszoon van Rijn produced prints during almost his entire career, from 1626 to 1660, when he was forced to sell his press, leaving prints to a second plan.

No work dated from 1649 is known under his name, nevertheless he later returns to engraving and indeed some of his plates were actually partially engraved by himself. The artistic freedom that he applied to his engraving technique was essential for the immortalization of his work. He was always very involved in the whole process of printing, as he printed at least his early etchings.

He began by using a style based on hand-drawing that he rapidly quit to adopt a method based on painting using a dense mass of lines and numerous acid punctures to achieve different thickness in lines. In the late 30′s of the XVII century, he revolted against his technique and started to use a more simple with less usage of acid. In his famous “Christ Preaching”, he worked the plate by stages during the 40′s; this engraving marked the middle of his artistic career, and from which emerged his final style. Although only the plates of the two initial states have survived to our days (from the first one they are very rare), evidence of more stages can be seen in final copies and many of the prints that have survived to this day.

During the 50′s, the pinnacle of his career as a printmaker, Rembrandt produced countless illustrations of the life of Christ. Unlike the treatment that he had previously given the topic, Rembrandt focused thereafter, on a more personal approach, even intimate, about the meaning of biblical episodes. In “The Presentation of Jesus in the Temple”, we can see Simeon, to whom “had been revealed [...] by the Holy Spirit that he would not die before he had seen the Lord’s Messiah” (Luke 2:26), holding the boy towards the Priest, while the High Priest, behind him, sporting a turban and a huge “crook”. The Virgin and St. Joseph kneel humbly in the shadow at the bottom left, and Anna that “Coming up to them at that very moment, she gave thanks to God and spoke about the child to all who were looking forward to the redemption of Jerusalem.” (Luke 2:38), appears in the upper right corner in the background. Perhaps the most experienced printmaker of all History of Art, Rembrandt combined engraving, dry-point and etching to create a rich pictorial effect. By using a fine network of plot in the background and groups of parallel lines in the figures, he created such an evocative atmosphere, where forms emerge through the half-light.

The 282 prints by Rembrandt, from the Art Collection of Conde do Ameal, Coimbra, included in the Ameal Auction, in 1921; afterwards they were exhibited in Lisbon/SNI [Secretariado Nacional da Informação/National Secretariat for Information] in 1948, at the Great Exhibition of Ancient Engraving, organized by Luís Reis Santos, and later it was sold to Dionísio Pinheiro, between 1956 and 1958.